Prédio dos Jonin

Hikari foi o primeiro a chegar. Estava um pouco cansado por ter ajudado a irmã com o trabalho na noite anterior após voltar pra casa, mas nada que fosse atrapalhar. Se não conseguisse entregar a encomenda hoje seria mais um prejuízo, e então mais uma conta sem pagar. Ele queria começar a trabalhar logo.
Como tinha que esperar, decidiu fechar os olhos e se concentrar no ambiente. Era uma técnica de rastreio e controle de Chakra que ele havia lido em um livro. Esperava que os outros chegassem logo.

O Hyuuga chegou um pouco depois de Hikari, estando muito bem organizado como sempre. Passou o seu tempo praticando em sua casa, tinha a sensação de que logo conseguiria alcançar um dos jutsus mais famosos da casa Hyuuga. Em verdade já o conseguia usar, mas de uma forma diminuída. Faltava-lhe a prática associada com a versão real, mas logo ele a alcançaria. Era difícil, sim, mas não impossível. Parou ao lado de Hikari e o observou por um momento, sem falar nada, então voltou sua atenção para o prédio dos Jonin.

- Tem um bicho no seu ombro. - falou tranquilamente.

- Tem 43 insetos nessa varanda. - ele afirmou, mas então se corrigiu, já que um bem grande acabara de pousar e começar a incomodar. - 44.

Abrindo os olhos, ele olhou para o ombro e viu a pequena joaninha que lhe fazia companhia. Estendeu um dedo e ela caminhou alegremente por ele.

- Bom dia. - não dava pra saber se era pra Katsumi ou para a joaninha. - Por acaso você já viu esse Jonin para o qual fomos determinados, Katsumi?

- Não. O que é um pouco estranho, na verdade.

Como um Hyuuga ele geralmente conheceria as figuras mais importantes de Konoha, incluindo seus Jonin, logo durante a sua infância. Mas aquele em específico, assim como uns dois ou três outros, ele jamais havia visto. Ou ele detestava os clãs mais importantes, o que faria com que Katsumi passasse a respeitá-lo por isso, ou ele simplesmente vivia tão atarefado que não tinha tempo para conversas com outras pessoas. Havia também a terceira opção, de que ele simplesmente não se importava e fazia o que queria. O que conquistaria não só o respeito de Katsumi, como sua admiração.

- Bom, logo deveremos ver ele. Onde está a Suzume?

- Subindo as escadas. - Hikari afirmou, e logo os passos lentos vieram da porta atrás deles. Lentos. Lentos demais. Hikari olhou para a porta, estranhando.

Um pé de Suzume cruzou o vão da porta, e seu corpo ensanguentado logo acompanhou, cambaleando na direção dos dois rapazes. Um grande ferimento aberto em sua barriga empapava suas roupas de sangue, e ela se apoiou nos dois, enquanto mais sangue saia de sua boca.

- Suzume! O que aconteceu? - Hikari perguntou, preocupado.

- O pro...fessor... - ela desmaiou, e então o vento parou de chegar até os dois rapazes.

Lentamente, Hikari olhou por cima do ombro, apenas para ver um homem de estatura mais baixa de pé sobre a grade logo atrás deles. Ele usava roupas de jonin, e os cabelos vermelhos e longos estavam presos em um rabo de cavalo.

- Yo. - ele disse, antes de, num movimento fluido e mais rápido do que os dois conseguiriam prever, puxá-los pelo colarinho e lancá-los ao chão. Logo ele estava lá embaixo com eles.

- Falaram que vocês são os melhores da classe, não é? Me mostrem o que têm. Podem vir com tudo.

O professor:

Hikari foi ao chão, perdendo todo o ar de seus pulmões, e batendo a cabeça muito forte. Tentou se ajeitar melhor, observando enquanto Katsumi bravamente empurrava aquele cara pra longe. Que caralho de professor era aquele, machucando os alunos? Ele queria realmente medir forças, ou era só um sádico. Hikari levou a mão a sua bolsa ninja e só depois de alguns segundos, se levantou, ficando ao lado de Katsumi, mas ainda parecendo um pouco tonto.

O professor se aproximava de Katsumi lentamente, e seus olhos detectaram rapidamente o movimento que ele fez na intenção de interromper seu próprio fluxo de chakra. Aquele notou que era um genjutsu bem rápido para um ninja recém formado. Mas o professor sabia que entender que se estava em um genjutsu e sair dele eram coisas muito diferentes. Ainda assim, ele projetou um clone para frente, que interrompeu o primeiro movimento de Katsumi. Mas logo a real intenção do rapaz ficou óbvia, e ele mesmo foi até os rapazes, chutando Hikari para o lado antes que ele pudesse ser atingido pela onda de choque do Punho Suave, enquanto seu clone afundava a cabeça de Katsumi no chão, antes de desaparecer.

Hikari atingiu uma parede, e para a surpresa de Yamada Megumi, segurou seu pé.

- Resolveu fazer alguma coisa? - o sensei zombou, e o rapaz girou seu pé.

O professor usou o giro como uma alavanca para chutar seu peito, e conseguiu, se livrando do aperto ao deslizar para trás. Mas Hikari lançou uma kunai imbuída com seu próprio chakra elétrico, e forçou o professor a dar mais alguns passos para trás, onde Hikari havia caído inicialmente. O pequeno selo brilhou antes de explodir, acertando o professor em parte, e deixando livre para que Katsumi pudesse usar esta oportunidade.

"O que está fazendo??" Era a frase que ecoava na mente de Hikari conforme ele percebia Katsumi se segurando. A melhor coisa a se fazer era simplesmente acabar com ele ou pelo menos surpreendê-lo o suficiente para fazer aquilo - o que quer que aquilo fosse - parar o mais rápido possível.

O clone do professor foi mandado para trás, e conforme previsto, ele se defendeu sem muita dificuldade. Mas ele fez uma expressão interessante ao ser atingido pelo segundo golpe, o qual não havia previsto. Ele caiu no chão, e assim como o clone que foi pego na explosão planejada por Hikari, desapareceu. O local ficou silencioso, e os olhos verdes de Hikari se fecharam, para melhor sentir a presença do sensei. Mas ela parecia não existir. Ele quase não notou, até que no último momento, o sensei apareceu atrás de Katsumi, mais uma vez pegando sua cabeça e a empurrando para o chão.

- 50 metros. - ele disse, antes de afundá-lo completamente. - Na média. Nada excelente.

Katsumi sentiu um pouco de orgulho ao ver que seu pequeno estratagema havia funcionado, não era um dos movimentos mais complicados, mas fora o suficiente para pegar o jonin desprevenido. E agora a batalha iria começar para valer. Era o que Katsumi pensava momentos antes de sua cabeça ser empurrada para baixo e ele ser forçado contra o chão. Ele grunhiu e tentou se soltar, mas a força do jonin era superior à dele. Ou, melhor dizendo, a força de um adulto era superior à força de uma criança. Rapidamente Katsumi pegou um de suas kunais e tentou cortar o braço do jonin, porém a arma desapareceu em pleno ar como se fosse feita de névoa.

- Hikari, se livre do genjutsu! - Katsumi fez uma aposta naquele momento. O Jonin certamente não permitiria que Hikari simplesmente fizesse aquilo, mas qualquer movimentação da parte dele faria com que o próximo movimento de Katsumi não fosse percebido, ou ao menos era o que ele acreditava.

Concentrou o chakra em sua palma e o disparou para baixo. Um ataque sem classe e sem a precisão dos Hyuuga, mas era justamente aquilo que ele queria. O chão iria se rachar e desiquilibrar o sensei, permitindo que Katsumi rolasse para longe. Ele assumiu a postura dos Oito Trigramas: Sessenta e Quatro Palmas e preparou-se. Ele jamais havia conseguido usar aquela técnica completamente, sempre havia algo que acabava fazendo com que ele se atrapalhasse, fosse o foco intenso necessário ou a falta de um treinamento mais avançado. Mas ele sentia dentro de si. Contra aquele Jonin ele conseguiria acertar aquele golpe.